domingo, 5 de agosto de 2018

O jogo do crioulo doido

Desculpem a expressão politicamente incorreta, mas adequada ao momento político que vivemos.
Os jogadores estão em campo, aquecendo. Torcedores apáticos. Arquibancada quase vazia. Não há técnico. O juiz é o povo.
O melhor jogador, um craque, apesar de inscrito para o jogo, não poderá adentrar o gramado, "vitimado" que foi por "injustiças" político-jurídicas. Mas promete enviar representante, no momento decisivo da partida, ao qual pretende transferir seu talento de goleador.
Pelo centro do gramado, Álvaro, Alckmin e o neófito Amoêdo disputam a bola entre si, diminuindo as oportunidades de avanço até a meta e aumentando a chance do adversário. Um quarto meio-campista se insinua, quase sem tocar na bola. É o Meirelles. Torço para que cresça no jogo a ponto de ampliar a discussão dos fundamentos envolvidos, sem negaças e demagogias, possibilitando à plateia melhor consciência da realidade que permeia o confronto.
Próxima à lateral esquerda, Marina incursiona também pelo centro, com bastante equilíbrio e consciência do jogo, aprendiz da máxima futebolística que diz: "pelo centro é que se ganha o jogo". E conta com alguma simpatia da torcida feminista, o que não é pouca coisa. Mas nisso tem um contraponto na atleta Manuela que joga na extrema esquerda, por Boulos acompanhada de perto.
Também pela esquerda, Ciro, o que sabe tudo, acena para o centro, mas ninguém lhe passa a bola. Então acena para a esquerda, idem. Fica isolado, mas promete algumas jogadas heterodoxas no intuito de atrair o jogo para si. Temo os jogadores que sabem tudo e essas heterodoxias que já deram errado em outras oportunidades (lembram da Dilma?). Prefiro o feijão-com-arroz que seja eficiente e sustentável.
Enfim, correndo pela extrema direita, Bolsonaro, o que não sabe nada de nada, mas é especialista em faltas, bravatas e grosserias. Em campo é um perna-de-pau - jogo duro e sem criatividade. É jogador que não faz finta, mas fita. No meu entender, muitas de suas intervenções nada mais são que o script de um roteiro estudado e decorado, no intuito de surfar na onda conservadora que se espraia pelo mundo. Se ao menos fosse autêntico... Mas não, é apenas um personagem. Espero que seja expulso no segundo tempo.
No mais, alguns jogadores perdidos em campo que só estão no jogo para marcar presença e obter vantagens extra-campo.
Desculpem, queridos, por mais esta brincadeira. Sei tratar-se de questão extremamente importante e complexa. Nunca estive tão indeciso. Mesmo esta brincadeira foi um exercício mental na tentativa de situar-me no pleito. Sei que votarei. Em quem? Ainda não sei. Mas escolherei um candidato equilibrado, nem tanto ao mar nem tanto à serra, ou seja, evitando as extremas, por mais sedutoras que possam parecer.
O barco navega com dificuldade, quase à deriva. Qualquer manobra mais impetuosa ou desajeitada pode aderná-lo. Ou afundá-lo de vez.

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