quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Educação ou doutrinamento

Há tempos estive ajudando Yasmin a estudar geografia. O livro adotado por sua escola iniciava com uma introdução histórica acerca da economia capitalista em contraponto à socialista. Nada a estranhar nessa introdução, apesar de longa, uma vez que muito da geografia humana deriva da atividade e presença  histórica do homem em seu habitat. História e Geografia se entrelaçam. Trata-se do critério pedagógico da transversalidade das disciplinas.
Após discorrer sobre o modo de produção capitalista, suas características, etapas de desenvolvimento, crises cíclicas, etc, o autor afirmava que muitos países socialistas estavam revertendo suas economias para o capitalismo. E que já quase não havia países socialistas.
Até aí nada a contestar. São fatos.
Finalmente o autor apresenta um texto de aprofundamento do tipo "saiba mais", com o seguinte título: "Existe uma alternativa ao capitalismo". Assim mesmo, afirmativamente!
Além de discorrer sobre as vantagens, apresenta duas  críticas ao socialismo, quais sejam: o socialismo não conseguiu acabar com as classes sociais e foi implantado por regimes autocráticos, alguns deles muito duros (e bota dureza nisso!). Nada diz sobre a economia socialista. Meus neurônios protestaram!
Como pode o socialismo ser uma alternativa, se os países socialistas estão revertendo ao capitalismo, como afirma o autor e é notório a todos? Por que estão fazendo isso?
Porque, digo eu, a economia socialista não funcionava bem, pelo menos não tão bem quanto desejável e necessário.
O que fazia Gorbachev com a sua perestroika nos primeiros anos da década de 1990?
Tentava reformar a economia soviética, introduzindo procedimentos típicos ou análogos aos do capitalismo, alguns já indicados por Lenin em seu plano econômico e jamais adotados, tais como a "contabilidade total de custos". Gorbachev tentava fazer uma revolução dentro da revolução, como dizia. Não foi feliz.
Esta é a crítica que faltou dizer, um "esquecimento" ou omissão deliberada do autor com intuito ideológico. Não inventou, não mentiu, mas omitiu uma explicação ou comentário pertinente e necessário.
Simples assim.

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