sábado, 13 de setembro de 2014

Por que não somos o Brasil varonil


Nos meus 68 anos completados ontem, eu já vi esse filme pelo menos duas vezes, com algumas diferenças no roteiro e no estilo dos atores, mas essencialmente o mesmo dramalhão – ou tragédia! O povo insatisfeito com tanta corrupção, serviços de má qualidade, carestia, insegurança e dúvidas quanto ao rumo a dar ao país. Mas quer mudanças! Quais? Aí vem um “salvador da pátria”, um “messias”  que a tudo promete dar jeito e a todos contentar, varrer a corrupção e pôr ordem na casa, com justiça e equidade.  Anteontem foi o discurso moralista do “homem da vassoura”, ontem o do “caçador de marajás”. Discursos de apelo altamente emocional, sem alicerce partidário e político. Deu no que deu.


O candidato faxineiro
O caçador de marajás















Hoje estamos vivendo outra onda emocional; o discurso agora é o da “nova política”.
Não estou comparando Marina aos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor. Não! A moça até me parece decente, imaculada mesmo, e leve como folha seca ao sabor do vento. E não digo isto em referência ao seu porte macilento e frágil. Refiro-me ao vai-e-volta, às contorções orgânicas de lagarta na metamorfose para livrar-se das próprias contradições e alçar voo de borboleta, encantando a gregos e troianos. Nisto creio que teve por mestre o Lula, que fazia o mesmo na campanha de 2002, dizendo nos sindicatos o que os operários queriam ouvir, e nos patronatos o que desejavam ouvir os patrões.


Os sonháticos

Marina foi guindada a cabeça de chapa por uma tragédia inesperada. Não estava e não está preparada. Por seu perfil, encarnou o clima de insatisfação e protesto difuso e confuso – contra tudo isso que está aí -  que se viu nas ruas em junho de 2013. Não construiu um discurso; o discurso estava pronto, esperando apenas por um “messias”. Terá condições de o levar à prática? E que “nova política”, se cairá no colo do PT?
Escrevo estas linhas com pesar e desalento. Ainda somos um povo que deseja e espera por um messias salvador capaz de tornar real toda utopia. É o nosso Brasil pueril. Temo que serão mais quatro anos perdidos!