sábado, 27 de abril de 2013

Jurassic Park


Não, não vou falar do filme de Spielberg, apesar de gostar muito de cinema. O título refere-se a outro  zoológico, o nosso Congresso Nacional e adjacências, habitado por criaturas bizarras e medonhas que, se ainda não assustam – estão mais para o ridículo – , já começam a me provocar engulhos.
Não faz muito tempo, um ex-presidente chamava de jurássicos certos políticos que lhe faziam oposição. Pois bem, esses políticos estão agora no poder e ultimamente só fazem justificar aquela alcunha que lhes foi atribuída.
É fácil perceber isso na economia: preços subsidiados (derivados de petróleo), similar nacional (nas licitações da Petrobrás), desonerações pontuais (indústria automobilística, eletrodomésticos, cesta básica), escolha de empresas para fomentar, por meio do BNDES, mega-empresas genuinamente nacionais (Oi, JBS); tudo isto já foi tentado no passado e tudo resultou em fiasco. Parece que estes senhores e senhoras sofrem de uma incurável nostalgia do passado! Sem falar na redução forçada do lucro empresarial (energia elétrica), desmantelamento das agências reguladoras (nomeando políticos para cargos técnicos) e insegurança jurídica (politizando assuntos técnicos, como no caso dos royalties do petróleo).
Mas deixemos a economia de lado, que é assunto árido e enfadonho – falemos de algo mais passional: política.
Denunciados, julgados e condenados pelo STF, os mensaleiros não se conformam. Tramita agora no Congresso Nacional, com grande estardalhaço, a PEC 33/11, que pretende atribuir poderes ao Congresso para referendar (ou não) os julgamentos do STF em matérias de constitucionalidade e súmulas vinculantes (acatadas pelos tribunais inferiores). Desta forma o Congresso seria a última instância para determinadas questões político-jurídicas (as que interessarem aos políticos, como a impunidade, por exemplo).
Mal ou bem comparando, o que os jurássicos parlamentares querem é um quarto poder, semelhante ao Poder Moderador da constituição de 1824, outorgada por D. Pedro I à nação recém-independente. Este poder sobrepunha-se aos três outros e o imperador, titular dos poderes Executivo e Moderador, controlava direta ou indiretamente os dois outros. Nada mais autocrático e prepotente! Nada mais danoso à democracia - na verdade um golpe fatal a esse regime! Nada mais atrasado!  Nada mais jurássico!
E estes senhores ainda dizem que lutaram pela democracia nos idos das décadas de 60/70! É esta a democracia que querem? Acham-se e se dizem progressistas… e se inspiram na constituição de D. Pedro I.
Jurássicos! Jurássicos e calhordas, é o que são!
Só para constar, o Brasil e Portugal foram os únicos países no mundo que adotaram o instituto do Poder Moderador, que perdurou até a proclamação da república nos dois países. 
Fala-se que a atitude dos congressistas é uma retaliação à liminar concedida pelo ministro Gilmar Mendes, do STF, sustando a tramitação de outra emenda, esta dificultando a formação de novos partidos políticos. Ficaram melindrados, os jurássicos! O Congresso não pode ser humilhado assim! 
Mas quem humilha o Congresso são os próprios que lá estão, fazendo o que fazem -  ressalvadas as exceções cabíveis.
Esta emenda, na verdade, tem por finalidade  (nunca confessada) evitar que Marina Silva consiga registrar o seu partido para concorrer à presidência da república nas próximas eleições. Esses caras são capazes de tudo pela manutenção do poder!
E não esqueçamos outra emenda em tramitação (PEC 37) para tirar do Ministério Público o poder de investigar, não coincidentemente o mesmo Ministério Público que foi peça fundamental na investigação que informou o processo e a denúncia dos mensaleiros, levados a julgamento no STF. E aquelas tentativas, felizmente sempre frustradas, de aprovar uma lei de “controle social da mídia”.
O que essa gente quer é fazer o que o Chavez fez na Venezuela e o que a Cristina tenta fazer na Argentina, para citar os mais notórios e próximos. Nada mais jurássico, nos dias de hoje!
Abram os olhos, meus queridos!


OBS: Hoje, 25/06/2013, a Câmara dos Deputados rejeitou a PEC 37, sob forte pressão do povo nas  ruas.     

segunda-feira, 8 de abril de 2013

Procurando culpados - 2

Quem pensou que eu não gosto de poesia, enganou-se redondamente, pois vi esta no face e copiei. Foi postada por ALICE COUTINHO, internauta portuguesa e trata-se, se poesia não for, de uma peça de crítica irônica e bem-humorada à situação de crise por que passa Portugal. Como a moça não menciona a autoria dos versos, quero  crer que sejam dela mesma.

PS: Em resposta a uma indagação, Alice Coutinho diz que são de autoria desconhecida.

A CULPA
A culpa é do pólen dos pinheiros
Dos juízes, padres e mineiros
Dos turistas que vagueiam nas ruas
Das 'strippers' que nunca se põem nuas
Da encefalopatia espongiforme bovina
Do Júlio de Matos, do João e da Catarina
A culpa é dos frangos que têm HN1
E dos pobres que já não têm nenhum
A culpa é das prostitutas que não pagam impostos
Que deviam ser pagos também pelos mortos
A culpa é dos reformados e desempregados
Cambada de malandros feios, excomungados,
A culpa é dos que têm uma vida sã
E da ociosa Eva que comeu a maçã.
A culpa é do Eusébio, que já não joga a bola,
E daqueles que não batem bem da tola.
A culpa é dos putos da casa Pia
Que mentem de noite e de dia.
A culpa é dos traidores que emigram
E dos patriotas que ficam e mendigam.
A culpa é do Partido Social Democrata
E de todos aqueles que usam gravata.
A culpa é do BE, do CDS, do PS e do PCP
E dos que não querem o TGV
A culpa até pode ser do urso que hiberna
Mas não será nunca de quem governa