segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

A revolução possível


Os viciados em tabaco estão na mira das autoridades sanitárias do país. Além das proibições e constrangimentos impostos pela legislação pertinente, o tabagista enfrenta agora o preço do cigarro, que vem subindo bem acima da inflação. Parece que o campo de batalha agora é o bolso do contribuinte/viciado, que será forçado a deixar de fumar, senão por motivos de saúde, pelo preço salgado do produto.
Por mim, tudo bem: sou viciado em amendoim.
E o tabagismo deve ser combatido sim, pelo mal que acarreta à sociedade, mesmo aos não fumantes, e de maneira lenta, sub-reptícia – o que é pior.
No entanto, eu, o elefante sutil, advirto aos estrategistas sanitários do governo: não façam o mesmo com a cachaça e a cerveja, sob pena de haver uma revolução neste país. A tão sonhada revolução popular, sempre desejada e nunca havida.

Em casa que falta paão...


A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (ALERJ) aprovou, por unanimidade, projeto de lei criando uma taxa de fiscalização sobre a atividade petrolífera no estado. A arrecadação estimada é de sete bilhões de reais por ano, a serem cobrados das empresas que atuam no setor. Essa quantia é equivalente à eventual perda de arrecadação com a nova lei dos royalties do petróleo, com a qual o Vô Tônico tanto se arreliou que não quer mais nem ouvir falar.
Agora é comigo.
Está claro que ninguém vai fiscalizar nada. Trata-se de compensação pela perda com a nova lei dos royalties, imposta covardemente pelos outros estados. Um deputado vai mais longe e diz ser compensação pela não cobrança de ICMS sobre produção de petróleo e gás, um arranjo maroto feito na constituição de 1988 – uma aberração fiscal – mas consensual naquela ocasião.
Trata-se de retaliação, pura e simples!
Ao proporem nova distribuição dos royalties, prejudicando os estados produtores, suas excelências mexeram no que fora acordado na constituição de 1988, ou seja, abalaram o pacto federativo. E vejam vocês no que está virando o país: uma casa da sogra, uma bagunça! Estados contra estados, municípios contra municípios, irmãos contra irmãos!
Como dizia o outro, em casa que falta pão, todos brigam e ninguém tem razão. É isso!
Vale dizer, Dona Dilma, que a União é, de longa data, concentradora de recursos. Os recursos que são repassados por meio do Fundo de Participação de Estados e Municípios são, ao que parece, insuficientes e/ou já chegam com vinculação específica. E este ano diminuíram pela queda na arrecadação, em virtude da desoneração fiscal promovida por seu governo. Não digo que não devesse fazê-lo, mas não é coincidência esta guerra em torno dos recursos do petróleo.
Dona Dilma, faça (negocie) uma ampla reforma fiscal, realmente justa e igualitária, descentralizando recursos e evitando guerras fiscais entre os entes federados. O seu padrinho não a fez, nem tampouco o antecessor do seu padrinho. Se a senhora a fizer, bem merecerá ser reeleita por mais quatro anos e ficará na história deste país.
Nos anais da história o seu verbete começará assim: "Nunca antes na história desse país...".

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Esculacho bonito


Recebi um e-mail de uma sobrinha, o qual transcrevo para vocês, por tratar de tema importante e recorrente, e também para zoar um pouquinho com os americanos, com a classe e a elegância de um grande brasileiro.
Durante debate em uma universidade americana, o ex- governador do DF, ex-ministro da educação e atual senador Cristóvam Buarque, foi questionado sobre o que pensava da internacionalização da Amazônia.
O jovem estudante americano introduziu sua pergunta dizendo que esperava a resposta de um humanista e não a de um brasileiro.
Fala professor!

 
"De fato, como brasileiro eu simplesmente falaria contra a internacionalização da Amazônia. Por mais que nossos governos não tenham o devido cuidado com esse patrimônio, ele é nosso.
"Como humanista, sentindo o risco da degradação ambiental que sofre a Amazônia, posso imaginar a sua internacionalização, como também de tudo o mais que tem importância para a humanidade.
"Se a Amazônia, sob uma ética humanista, deve ser internacionalizada, internacionalizemos também as reservas de petróleo do mundo inteiro. O petróleo é tão importante para o bem-estar da humanidade quanto a Amazônia para o nosso futuro. Apesar disso, os donos das reservas sentem-se no direito de aumentar ou diminuir a extração de petróleo e subir ou não o seu preço.
"Da mesma forma, o capital financeiro dos países ricos deveria ser internacionalizado. Se a Amazônia é uma reserva para todos os seres humanos, ela não pode ser queimada pela vontade de um dono, ou de um país. Queimar a Amazônia é tão grave quanto o desemprego provocado pelas decisões arbitrárias dos especuladores globais. Não podemos deixar que as reservas financeiras sirvam para queimar países inteiros na volúpia da especulação.
"Antes mesmo da Amazônia, eu gostaria de ver a internacionalização de todos os grandes museus do mundo. O Louvre não deve pertencer apenas à França. Cada museu do mundo é guardião das mais belas peças produzidas pelo gênio humano. Não se pode deixar que esse patrimônio cultural, como o patrimônio natural amazônico, seja manipulado e instruído pelo gosto de um proprietário ou de um país. Não faz muito tempo, um milionário japonês decidiu enterrar com ele um quadro de um grande mestre. Antes disso, aquele quadro deveria ter sido internacionalizado.
"Durante este encontro, as Nações Unidas estão realizando o Fórum do Milênio, mas alguns presidentes de países tiveram dificuldades em comparecer por constrangimentos na fronteira dos EUA. Por isso, eu acho que Nova York, como sede das Nações Unidas, deve ser internacionalizada. Pelo menos Manhattan deveria pertencer à humanidade.
Assim como Paris, Veneza, Roma, Londres, Rio de Janeiro, Brasília, Recife, cada cidade, com sua beleza específica, sua história do mundo, deveria pertencer ao mundo inteiro.
"Se os EUA querem internacionalizar a Amazônia, pelo risco de deixá-la nas mãos de brasileiros, internacionalizemos todos os arsenais nucleares dos EUA. Até porque eles já demonstraram que são capazes de usar essas armas, provocando uma destruição milhares de vezes maior que as lamentáveis queimadas feitas nas florestas do Brasil.
"Defendo a ideia de internacionalizar as reservas florestais do mundo em troca da dívida. Comecemos usando essa dívida para garantir que cada criança do mundo tenha possibilidade de COMER e ir à escola. Internacionalizemos as crianças, tratando-as, todas elas, não importando o país onde nasceram, como patrimônio que merece cuidados do mundo inteiro.
"Como humanista, aceito defender a internacionalização do Mundo.
Mas, enquanto o Mundo me tratar como brasileiro, lutarei para que a Amazônia seja nossa. Só nossa!"

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Um tiro pela culatra


Os juros baixaram. Muito bom! A nossa presidenta venceu a queda de braço com o sistema financeiro, começando pelos bancos estatais – BB e Caixa. Os bancos particulares não tiveram alternativa senão seguir os estatais, para não perderem clientela. Golpe de mestre!
Só teve um probleminha, Dona Dilma, a solução não foi negociada, foi imposta. Tanto é que a Senhora teve que demitir o presidente do Banco do Brasil. Mas tudo acabou bem, ponto para a presidenta!
Nem tanto, minha linda,nem tanto...
A rentabilidade dos bancos caiu, como era de se esperar, - para gozo e gáudio da companheirada, que sempre viu no lucro excessivo dos bancos a causa primária de todos os males do país.
Que fizeram os bancos para compensar a baixa rentabilidade?
Simples: aumentaram as tarifas de serviços, os estatais e os outros.
No meu caso, por exemplo, a cesta de serviços passou de 20 para 30 amendoins: 50% de aumento!
Os juros precisavam baixar, sim, como também os impostos precisam. A queda dos juros beneficiou a economia como um todo: das grandes empresas às micro, aos consumidores em geral e aos endividados em particular. O que não é o meu caso: administro os meus amendoins cautelosamente, sem grandes arroubos de consumismo. Desse jeito o povo é que está financiando a baixa dos juros, e não os bancos, como a Senhora e a companheirada desejavam.
Já que a presidenta abriu precedente, interferindo no mercado via bancos estatais, repita a dose agora: mande o BB e a Caixa baixarem as tarifas bancárias, se necessário demitindo seus presidentes. Se não o fizer, todo o seu esforço terá resultado num tiro pela culatra, pelo menos para os não endividados.